Falar
da Praia da Granja é falar de um lugar “mágico”, onde podemos encontrar belíssimos
exemplares de arquitectura de veraneio dos princípios do Século XX….
Talvez
essa “magia” seja proveniente da paz que ali se disfruta e que nos invade ao
admirarmos a beleza dos seus edifícios (uns lindamente restaurados, outros,
infelizmente, nem por isso…) e também ao imaginarmos quantas histórias aquelas
construções, aqueles jardins, toda aquela paisagem têm para nos contar…..!!!!
Mas
o que é verdade é que aqueles chalets antigos e os espaços verdes que os
rodeiam, dão àquele lugar uma harmonia muito especial….!!!!!
É
uma praia de origem aristocrática, que no passado foi frequentada por poetas e
escritores, nomeadamente Eça de Queirós e Ramalho Ortigão.
Também
Sophia de Mello Breyner Andresen, desde a sua infância que para ali se deslocava
com os pais, em época de veraneio e também a ela, aquele espaço, aquele mar,
toda aquela envolvência, a inspiraram para muitos dos seus poemas….!!! E um
deles é o que a seguir se transcreve:
Mar, metade minha alma é feita de
maresia
Pois é pela mesma
inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor
da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me
satisfez.
E é porque as tuas ondas
desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam
outra vez,
Que após cada queda
caminho para a vida,
Por uma nova ilusão
entontecida.
E se vou dizendo aos
astros o meu mal,
É porque também tu
revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor
pelas alturas.
E se antes de tudo odeio
e fujo
O que é impuro profano e
sujo
É só porque as tuas
ondas são puras.”
(Sophia de Mello Breyner
Andresen)
Por tudo o que atrás ficou dito, vale a pena ir até lá..., passear por todas aquelas ruas, apreciar, ao pormenor cada canto e recanto, estar na presença daquele mar que nos lança um convite à contemplação.....,e, se nos deixarmos ficar mesmo até ao cair da tarde..., seremos surpreendidos, mesmo em época outonal, por um pôr-do-sol simplesmente maravilhoso....!!!!