domingo, 15 de maio de 2011

LÁGRIMAS OCULTAS



MAIS UM BELO POEMA DE FLORBELA ESPANCA


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...



E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!



E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...



E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


(Florbela Espanca)



1 Comentários:

Às 17 de maio de 2011 às 22:15 , Blogger leandro guedes disse...

Belo poema este de Florbela, profundo e muito significativo...
Parabens por este agradavel blog que já vai quase nos 16.000 visitantes.

 

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