A juventude de Camilo Castelo Branco...
Prosseguindo com este “caminhar” pela vida
de Camilo Castelo Branco e reportando-me ainda ao período em que vivia com a
sua irmã em Vilarinho da Samardã (mas já na fase da sua adolescência),
percebe-se a sua enorme insatisfação com tudo o que o rodeia….., de acordo com
o que veio a escrever em (o Nacional
nºs 15 e 16 de 1850):
“em toda a parte estou bem ou não estou
bem em parte nenhuma”;(….)
“O meu viver isolado não era só um
capricho infantil; era uma desanimação de criança que amadureceu violentada
como o fruto colhido por mão precoce…..”
E é com este sentimento de insatisfação
que, em 1840, volta a Lisboa….
Porém, decorrido algum tempo (pouco), vai
visitar uns parentes residentes em “Friúme”, no concelho de Ribeira de Pena,
com a sua tia paterna que o acolhera aquando da morte do pai, e aí conhece uma
aldeã de seu nome Joaquina Pereira, de quem se enamora e com quem acaba por se
casar, no dia 18 de Agosto de 1841, apenas com 16 anos de idade…..
Este casamento, porém, dura muito pouco
tempo, pois ainda nesse mesmo ano de 1841, aconselhado pelo sogro, começa a
estudar com o padre Manuel da Lixa, da Granja Velha (excelente latinista),
tendo em vista ingressar num curso superior, mas pouco tempo depois, em 1842,
abandona “Friúme” (devido a uns versos satíricos que lhe causaram alguns
problemas) e volta para Vilarinho da Samardã, onde apenas fica por um período
de 3 meses, tendo depois partido para Lisboa….
Esta curta estadia em Vilarinho da Samardã
resulta do facto de ter sido aconselhado pela própria família a abandonar o
local, por esta ver com maus olhos um relacionamento amoroso de Camilo com uma
camponesa da povoação que entretanto conhecera, de seu nome Margarida Maria
Dias, mas conhecida por (Maria do Adro).
No entanto, em Lisboa fica apenas durante
sete meses e, em 1843, matricula-se na Academia Politécnica do Porto e nesse
mesmo ano, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, a qual apenas frequentou dois anos
(entre 1845 e 1846), tendo perdido o 2º ano por faltas. Apesar disto, tenta
ainda, em Coimbra, os preparatórios do Curso Jurídico, mas também sem êxito….
(Academia Politécnica do Porto)
(Escola Médico-Cirurgica do Porto)
Também nesse mesmo ano (1843), nasce-lhe,
em Friúme, uma filha do matrimónio com Joaquina Pereira.
Logo após o abandono dos estudos na referida
Escola Médico-Cirúrgica, e nos 4 anos que se seguiram, foram vários os acontecimentos
que o levaram ao desespero:
- Ainda no ano de 1846, passa por alguns episódios políticos (ao serviço do Miguelismo).
- Em 1847 fica viúvo pela morte da Joaquina Pereira;
- Em 1848, morre a filha com 5anos;
- Em 1849, por motivos sentimentais, tenta o suicídio.
“A âncora maldita do suicídio
encorajava-me de brios de infeliz por entre parcéis de quantos infortúnios
ressaltam de uma vida tempestuosa. Determinei matar-me. Era uma resolução
firme, tenaz e indestrutível. (…….) Quem me salvou dessa febre de desesperação?
O suicídio era-me então um cálculo, e contudo sobrevivi a essa rajada de morte,
que perpassou, a esse hálito de impiedade que não teve forças de aniquilar a
existência que empestou para sempre.”
(Semana – vol. 1, nº. 36)
No entanto é em 1850, que, num Baile da
Assembleia Portuense, conhece “ANA PLÁCIDO”, aquela que viria a ser a “sua
mulher fatal”….
“Num baile foi que eu a vi pela primeira
vez. (….)Era tudo majestade, tudo estatuária naquela criança.”
(em Anos de Prosa)
“Era num baile. Ondulava
De ouro e sedas o salão;
O ar que ali se respirava
Escaldava o coração”
Todavia, não foi a partir daquele instante
que as vidas da Camilo e Ana Plácido viriam a cruzar-se…..,e por volta dos anos 1850/1852, Camilo tenta
virar o seu destino e começa a frequentar aulas de teologia no antigo Paço
Episcopal do Porto, alistando-se como candidato ao sacerdócio…..!!!!
Mas como sobejamente se sabe, não foi a vida religiosa que o conquistou....!!!
(continua no próximo post)
6 Comentários:
Isso é paixão pela obra de Camilo....??
É uma estudiosa.....
A vida de Camilo, a obra de Camilo, estão neste blog a ser muito bem trabalhadas, nos vários post´s já mostrados.
Parabens.
Aguarda-se com curiosidade e interesse, a publicação dos restantes trabalhos.
Parabens!
LG.
Não bastasse ter ficado órfão de mãe em tenra idade e depois de pai, aos 10 anos, e provavelmente por essas razões, a vida do pobre Camilo foi repleta de desencontros e desassossegos. Enquanto os dramas ocorriam, a mente ia produzindo obras incomparáveis.
Fico encantada, com biografia de escritor de vida intensa, cheia de paixão.
Obrigada, Albertina, pela oportunidade de conhecer bem esse grande escritor português.
Olá Andrade....!!!
Isto é de facto "paixão" pela vida e obra de Camilo.....
Estudiosa não serei, mas interessada..., sim...., sou.... e quando gosto, interesso-me bastante....
Bom fim de semana Andrade
Olá Leandro...
Muito obrigada pelo seu comentário e pelas palavras de incentivo...
Vou continuar a publicar (o que me fôr possível),sobre alguns aspectos da vida deste grande escritor português....
Tenha um óptimo fim de semana...
Pois é Lúcia, Camilo foi, efectivamente, um homem bastante sofredor, mas provavelmente foram todos os seus dramas e sofrimentos que, tal como diz, fizeram dele o génio que conhecemos....
Muito obrigada pelo seu comentário
Feliz fim de semana
Albertina
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