sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

BERNARDO DE PASSOS - POETA ALGARVIO

A OBRA POÉTICA DE BERNARDO DE PASSOS 

Bernardo de Passos, Poeta Algarvio, nasceu em S. Braz de Alportel, em 1876.
A sua obra é toda ela de expressão lírica, escreve com alma, trata a poesia com as emoções de um jovem tímido e pouco audacioso.
Excessivamente romântico, põe, em muitos dos seus poemas a tónica na “Saudade” e no “Passado”

SAUDADES
Saudades de amor, são penas
Que nascem do coração…
E como as penas das aves,
Quantas mais, mais brandas são!

Meu coração fez um ninho
Como o das aves perfeito,
Juntando todas as penas
De que ele me encheu o peito…

E nesse ninho, a sonhar
Dorme, assim, horas serenas,
Como dorme um passarinho
Sobre o seu ninho de penas

REGRESSO

Minha aldeia, voltei! Avé-Marias…
Teu crepúsculo de oiro até parece
Que me canta e me embala e me adormece,
A florir a amargura dos meus dias…

Como a urze das tuas serranias,
Poeta aqui nasci, sem que o soubesse,
E aqui, -visão de estrelas e de prece,-
Vi meu primeiro amor, quando me vias!

Minha aldeia, voltei! –Anoiteceu…
Sobre o meu coração como um ninho,
Estendes a asa de oiro do teu céu…

E ele dorme e sorri, -o abandonado!-
Como dorme e sorri um passarinho,
Sob a asa da mãe agasalhado.


Bernardo de Passos, imagina a velhice com a doçura de um ser justo e bom e revela na sua poesia uma vida sem grande aventura, mas muito sensível…….

“Quando eu for velho e tu uma velhinha…
Lembrando os sonhos de hoje havemos de chorar..
Sentados à lareira os dois a conversar
Sobre coisas de amor, vê que loucura a minha…”

A vida deste poeta algarvio, decorre entre S. Braz de Alportel, onde nasceu em 1876 e Faro, a sua segunda cidade, onde trabalhou e veio a falecer em 1930.
Toda a sua poesia é reflexo da sua vida interior, sempre em defesa dos fracos……

“Morrem os ricos dobram os sinos,
Morrem os pobres não há dobres
Mas que Deus é esse dos Padres
Que não faz caso dos pobres?”

E é esta ligação aos mais necessitados, a sua bondade como ser humano, o seu sorriso tímido parecendo sempre que tinha vergonha de incomodar, são estes, de facto, os traços principais da sua poesia.
Bernardo de Passos foi um poeta insatisfeito, como são todos os poetas….
Da sua obra destacam-se os seguintes títulos:
“ADEUS”, 1902
“GRÃO DE TRIGO”, 1907
“PORTUGAL NA CRUZ”, 1909
“BANDEIRA DA REPÚBLICA”, 1913
“A ÁRVORE” e O NINHO”, 1931
“REFÚGIO”, 1936

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