A Ilustre Casa...!!!
Será que foi esta a casa que inspirou Eça de Queiroz para escrever o seu romance "A Ilustre Casa de Ramires"?
Diz-se que sim..., mas é uma pergunta que fica no ar...
Numa das minhas recentes viagens à procura de um Portugal desconhecido, cheguei até uma grande propriedade, onde se encontra um solar bastante degradado e, junto a ele, uma torre quadrangular, conhecida como "A Torre da Lagariça".
A dita torre, construída no Século XII (como torre militar, na época da reconquista cristã), foi a primeira construção a ser erigida naquele local e só no século XVII os seus proprietários construiram então o solar, em forma de "L", ou seja a zona habitacional (composta, no mínimo, por 20 assoalhadas, a julgar pelo número de janelas existentes), mas ambos (solar e torre) parecem estar ligados entre si, é pelo menos o que se percebe quando a visita é feita apenas no exterior, como foi o caso...
A dita torre, construída no Século XII (como torre militar, na época da reconquista cristã), foi a primeira construção a ser erigida naquele local e só no século XVII os seus proprietários construiram então o solar, em forma de "L", ou seja a zona habitacional (composta, no mínimo, por 20 assoalhadas, a julgar pelo número de janelas existentes), mas ambos (solar e torre) parecem estar ligados entre si, é pelo menos o que se percebe quando a visita é feita apenas no exterior, como foi o caso...
Este conjunto arquitectónico, conhecido como a "casa da torre", ou "a ilustre casa" bem como os terrenos que lhe pertencem, situam-se na freguesia de São Cipriano, concelho de Resende, de onde se tem uma vista lindíssima para a serra de Santa Bárbara.
Na referida freguesia, mas ainda a uma distância considerável da "Casa da Torre" e dos seus terrenos (que outrora foram certamente de cultivo e de muitos e grandes pomares), existe um lugar pacato, com pouquíssimas casas, onde perguntei a um dos habitantes o nome da serra que dali se avistava (a já citada serra de Santa Bárbara) e que parece envolver toda aquela zona, tornando a paisagem ainda mais bela.
Por se encontrarem isoladas (Casa da Torre e respectiva quinta), houve também necessidade de questionar o já referido habitante do lugarejo, sobre a forma de chegar até ao local pretendido, concluindo-se que os acessos não eram os melhores, já que, só a pé era possível fazê-lo e muito cautelosamente, por caminhos estreitos e bem difíceis de percorrer...!!!
Mas conseguiu-se..., e isso para mim foi o mais importante, porque, enquanto ainda me encontrava a alguns kms de distância e fui perguntando a quem encontrava, sobre a localização da casa em apreço e a forma de lá chegar, todos se referiam a ela como a "Ilustre Casa de Ramires".
Chegada ao local, fiquei encantada com o que vi, apesar do elevado estado de degradação em que se encontra.
Por ali percorri cada canto e recanto daquele espaço: subi e desci bonitas escadarias completamente cobertas de musgo; admirei a Torre da Lagariça e todos os pormenores exteriores da grande casa, onde, numa das paredes lá se encontra o respectivo brasão; andei pelos espaços onde outrora foram bonitos e cuidados jardins; desci para a zona dos pomares; detive-me junto de um enorme tanque/chafariz, para onde jorram duas bocas de água abundante e onde se encontra uma pedra rectangular apoiada num dos lados do referido "tanque" (o que me levou a pensar que em tempos também servira de lavadouro) e senti um enorme prazer e um privilégio poder estar ali e visitar um espaço que certamente teria sido frequentado pelo grande escritor português Eça de Queiroz e onde este se teria inspirado para escrever o seu romance.
Na referida freguesia, mas ainda a uma distância considerável da "Casa da Torre" e dos seus terrenos (que outrora foram certamente de cultivo e de muitos e grandes pomares), existe um lugar pacato, com pouquíssimas casas, onde perguntei a um dos habitantes o nome da serra que dali se avistava (a já citada serra de Santa Bárbara) e que parece envolver toda aquela zona, tornando a paisagem ainda mais bela.
Por se encontrarem isoladas (Casa da Torre e respectiva quinta), houve também necessidade de questionar o já referido habitante do lugarejo, sobre a forma de chegar até ao local pretendido, concluindo-se que os acessos não eram os melhores, já que, só a pé era possível fazê-lo e muito cautelosamente, por caminhos estreitos e bem difíceis de percorrer...!!!
Mas conseguiu-se..., e isso para mim foi o mais importante, porque, enquanto ainda me encontrava a alguns kms de distância e fui perguntando a quem encontrava, sobre a localização da casa em apreço e a forma de lá chegar, todos se referiam a ela como a "Ilustre Casa de Ramires".
Chegada ao local, fiquei encantada com o que vi, apesar do elevado estado de degradação em que se encontra.
Por ali percorri cada canto e recanto daquele espaço: subi e desci bonitas escadarias completamente cobertas de musgo; admirei a Torre da Lagariça e todos os pormenores exteriores da grande casa, onde, numa das paredes lá se encontra o respectivo brasão; andei pelos espaços onde outrora foram bonitos e cuidados jardins; desci para a zona dos pomares; detive-me junto de um enorme tanque/chafariz, para onde jorram duas bocas de água abundante e onde se encontra uma pedra rectangular apoiada num dos lados do referido "tanque" (o que me levou a pensar que em tempos também servira de lavadouro) e senti um enorme prazer e um privilégio poder estar ali e visitar um espaço que certamente teria sido frequentado pelo grande escritor português Eça de Queiroz e onde este se teria inspirado para escrever o seu romance.
Uns dias mais tarde, após esta minha descoberta, vi na RTP1 uma entrevista feita no local, com um membro da família Cochofel, onde dizia que esta propriedade está na família há mais de 400 anos, mas que decidiram vendê-la por não disporem de meios financeiros para a sua recuperação. Referiu ainda que Eça de Queiroz, efectivamente, se inspirou naquela casa e na sua torre para escrever o seu romance, mas que nunca a frequentou, ou seja, nunca tinha havido qualquer ligação entre ele e a família que ali vivia...
Acrescentou ainda que, não obstante a intenção de vender aquele valioso património, a família Cochofel gostaria que o mesmo fosse adquirido por um investidor que lhe pudesse conferir a dignidade que o mesmo merece, tendo dado a entender (pelo menos foi o que me pareceu), que este seria o lugar ideal para uma unidade hoteleira de charme, ou quem sabe uma fundação ou até mesmo um museu.
Depois desta revelação senti necessidade não só de reler o dito romance, para tentar perceber se o mesmo continha alusões aos pormenores e características daquela propriedade e zona envolvente (que eu presenciei), como também de procurar mais informação sobre este tema...
E é agora que surgem algumas dúvidas:
Ora em diversas passagens do dito romance, o escritor refere-se muitas vezes à Torre, à qual ele lhe dá o nome de "Torre de Santa Ireneia", com ameias...!!!
Mas a Torre da Lagariça não tem ameias...!!!
No que respeita à Vila vizinha (São Cipriano), dá-lhe o nome de Santa Ireneia, (a Resende), "Vila-Clara" e à cidade de (Lamego), chama-lhe "Oliveira"....!!!
Contudo, pelo menos em duas passagens há referência a um "tanque velho", ao fundo da quinta e à "frescura do arvoredo entre sussurros de águas correntes..." , e aqui sim, estas citações remetem-me para o dito tanque, junto do qual permaneci algum tempo e onde também senti a referida "frescura do arvoredo entre sussurros de águas correntes..."
Também noutras passagens do romance encontro, várias vezes, referências a "Santa Maria de Craquede", que será o que hoje se chama: "Santa Maria de Cárquere").
Resolvi então consultar algo mais sobre este tema e percebi que o mesmo já foi bastante investigado e estudado e há mesmo quem defenda que provavelmente, a Torre que serviu de inspiração a Eça de Queiroz para escrever o seu romance, não se situa neste local mas sim na margem norte do Douro...!!!
Bem..., se Eça esteve ali ou não, fica a dúvida...
Eu estive... e gostei muito do que vi...
Ficam as imagens possíveis...
Acrescentou ainda que, não obstante a intenção de vender aquele valioso património, a família Cochofel gostaria que o mesmo fosse adquirido por um investidor que lhe pudesse conferir a dignidade que o mesmo merece, tendo dado a entender (pelo menos foi o que me pareceu), que este seria o lugar ideal para uma unidade hoteleira de charme, ou quem sabe uma fundação ou até mesmo um museu.
Depois desta revelação senti necessidade não só de reler o dito romance, para tentar perceber se o mesmo continha alusões aos pormenores e características daquela propriedade e zona envolvente (que eu presenciei), como também de procurar mais informação sobre este tema...
E é agora que surgem algumas dúvidas:
Ora em diversas passagens do dito romance, o escritor refere-se muitas vezes à Torre, à qual ele lhe dá o nome de "Torre de Santa Ireneia", com ameias...!!!
Mas a Torre da Lagariça não tem ameias...!!!
No que respeita à Vila vizinha (São Cipriano), dá-lhe o nome de Santa Ireneia, (a Resende), "Vila-Clara" e à cidade de (Lamego), chama-lhe "Oliveira"....!!!
Contudo, pelo menos em duas passagens há referência a um "tanque velho", ao fundo da quinta e à "frescura do arvoredo entre sussurros de águas correntes..." , e aqui sim, estas citações remetem-me para o dito tanque, junto do qual permaneci algum tempo e onde também senti a referida "frescura do arvoredo entre sussurros de águas correntes..."
Também noutras passagens do romance encontro, várias vezes, referências a "Santa Maria de Craquede", que será o que hoje se chama: "Santa Maria de Cárquere").
Resolvi então consultar algo mais sobre este tema e percebi que o mesmo já foi bastante investigado e estudado e há mesmo quem defenda que provavelmente, a Torre que serviu de inspiração a Eça de Queiroz para escrever o seu romance, não se situa neste local mas sim na margem norte do Douro...!!!
Bem..., se Eça esteve ali ou não, fica a dúvida...
Eu estive... e gostei muito do que vi...
Ficam as imagens possíveis...
9 Comentários:
Fica-nos a dúvida se teria sido ali que Eça se inspirou para a sua escrita da "Ilustre Casa de Ramires". Mas "Ilustres" são as suas fotos que nos mostram a degradação a que chegou estes "casarões" que outrora teriam sido opulentos. Onde está o Ministério da Cultura?...
Acabo de encontrar na Internet esta referência: http://portugalconhecaomaisbelopaisdaeuropa.blogspot.com/2019/01/a-ilustre-casa-de-ramires-de-eca-de.html
A sua paixão pela descoberta do belo levou-a possivelmente até à casa onde se inspirou Eça de Queirós para escrever "A Ilustre Casa de Ramires ". Curiosamente também ouvi na RTP a mesma notícia e a beleza circundante levou-me de uma forma onírica até aquelas paragens e ao abstrair-me de toda a degradação, vislumbrei um belo palacete e as vivências felizes ali passadas. Parabéns!
Obrigada Manuela
AG
Obrigada pelo seu comentário.
Quanto ao Ministério da Cultura, simplesmente "não está"..., por estranho que possa parecer...
AG
Obrigada.
Já vi este blog e, no que respeita à Ilustre Casa de Ramires, vai ao encontro daquilo que também pesquisei.
AG
Belíssima descrição, que, enquanto co-proprietário, agradeço e aplaudo. Aceito bem todas as dúvidas quanto a ser este, ou não, o cenário do romance, mas há, na verdade, muitas coincidências. Vivo na Quinta há cerca de um ano e estarei sempre ao dispor de quem quiser visitar.
Maravilhoso post! Estou lendo agora o romance e fiquei maravilhado com as descrições do solar de Ramires.
Só hoje vi este belo apontamento.
Obrigado.
No nosso "roteiro queiroziano", dias 25 e 26 de Outubro 2024, não passaremos pela casa que aqui nos mostra, mas faremos referência à conhecida hipótese de ter inspirado o romance de Eça.
Obrigado, Albertina
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