terça-feira, 19 de julho de 2011

NOITE



NOITE DE SAUDADE

A noite vem pousando devagar
Sobre a terra, que inunda de amargura…
E nem sequer a bênção do luar
A quis tornar divinamente pura…

Ninguém vem atrás dela a acompanhar
A sua dor que é cheia de tortura…
E eu ouço a noite imensa soluçar!
E eu ouço soluçar a noite escura!

Porque és assim tão ’scura, assim tão triste?!
É que, talvez, ó noite, em ti existe
Uma saudade igual à que eu contenho!

Saudade que eu nem sei donde me vem…
Talvez de ti, ó noite!… Ou de ninguém!…
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho!

(
Florbela Espanca )

1 Comentários:

Às 19 de julho de 2011 às 12:13 , Blogger Andradarte disse...

A sempre eterna...Florbela Espanca...
Beijo

 

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