O MAGO DA GUITARRA E DAS LETRAS OLHANENSES

DIAMANTINO PILOTO
(1922 - 2000)

Apesar  de ter nascido em Tavira, foi viver para Olhão, apenas com 6 meses de idade e por isso sentia-se um verdadeiro Olhanense.

Notabilizou-se pela cultura, sobretudo como escritor e músico.

A sua família era de origem humilde, o pai trabalhava como soldador numa fábrica de conservas de peixe, em Olhão e a mãe era costureira.

O pai de Diamantino Piloto era um homem pouco instruído mas esclarecido, tendo sempre estimulado o filho a prosseguir os estudos. Contudo Diamantino, ainda muito jovem, quis começar a trabalhar e por isso aprendeu o ofício de serralheiro.

Mais tarde o pai convenceu-o a estudar em casa, com a sua ajuda e a propôr-se a exame. O pai, apesar de apenas ter a 4ª classe, estudava com ele e Diamantino Piloto passou no exame do então 1º Ciclo (actual 6º Ano). A partir daí passou a dedicar-se em pleno ao estudo, mas quando já estava quase no 5º Ano (actual 9ª Ano) preferiu mudar para o curso industrial, tendo mais tarde terminado o curso de EngenheiroTécnico Electromecânico no Instituto Industrial de Lisboa.

Trabalhou então como professor nas Escolas Técnicas de Faro e de Olhão, foi funcionário da Inspecção Geral dos Produtos Agrícolas e Industriais, da Federação dos Municípios do Distrito de Faro e depois na Electricidade de Portugal.

Mas a sua paixão era a música e por isso dedicou-se  com mestria à guitarra clássica e foi professor deste instrumento no Conservatório Regional de Faro durante 11 anos.

Em conjunto com alguns olhanenses virtuosos na guitarra clássica (Jónatas da Silva, Adriano Baptista, João Alberto, mais conhecido pelo Pad Zé) participou em muitos concertos e guitarradas.

Na década de 50, fez parte da direcção do clube desportivo "Os Olhanenses" onde criou um boletim cultural, tendo aí iniciado a publicação dos seus primeiros contos que depois foram reunidos em livro: O meu Olhão (crónicas) e Contos de Olhão.

Colaborou também com a Gazeta do Sul e o Jornal do Algarve.

Traduziu de castelhano para português "Vieja Crónica de Olhão" o livro escrito pelo seu amigo António Simões Júnior (um olhanense exilado na Argentina).

Em 1963 criou o quinzenário Sporting Olhanense que na época preencheu a lacuna grave de não existir na Vila qualquer periódico desde 1952, do qual foi chefe de redacção até 1967. Os contos que neste jornal foi publicando acabaram por ganhar diversos prémios literários.

Há quem o classifique como escritor neo-realista por retratar nos seus contos a gente típica da sua terra, nas suas alegrias e nos seus dramas, escrevendo como se fosse um pintor a utilizar cores garridas e quentes, ou o negro profundo, consoante a situação.

Quem como eu conheceu Diamantino Piloto, recorda-se dele, não só como escritor e músico (um grande compositor e intérprete de guitarra clássica),  mas também como um óptimo professor, que em sua própria casa, todos os anos, durante o período lectivo, reunia numerosos grupos de explicandos a quem ensinava as disciplinas de matemática e de inglês, como ninguém......