Falemos então...!!!

Falar de tudo, e até mesmo a propósito de quase nada, é bom..., faz falta.., faz bem...

Nada deve ficar por dizer...

Dizer tudo o que se sente e da forma como se sente é uma "obrigação" de quem quer estar bem consigo próprio, de quem gosta e quer estar em paz...

E há sempre tanto para dizer, para contar..., mais que não seja falar de tempos idos, de coisas passadas, de momentos e vivências que nunca esqueceremos, de recordar caminhos percorridos, de lembrar os sons, os sonhos e os sabores simples da vida...

A este propósito, transcrevo o seguinte poema de um poeta algarvio, Fernando Cabrita, natural de Olhão:

"FALEMOS

Falemos então de todas essas coisas a que nunca soubemos dar um nome.

Coisas como café e cerejas,

coisas como memórias do verão de ontem

e de tudo o que repousa já no ónix frio dos dias.

Falemos não porque as vejamos,

porque as sentimos à vaga luz dos crepúsclos que morrem

e são para nós as florestas que passam velozes nos vidros do carro

e os silêncio dos faunos que atravessam os bosques e as ilusões

e as pequenas ondas que vêm desmaiar à praia

e as vozes antigas que ainda nos falam na alma das coisas despercebidas

e as luzes que havia no final do verão.

Falemos, para que de novo sejam

e de novo vivam.

Falemos para que estejamos vivos."

(Fernando Cabrita)