segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

POETA POPULAR ALGARVIO


ANTÓNIO ALEIXO

António Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António, em 1899 e morreu em Loulé, no ano de 1949.

Foi um dos poetas populares algarvios de maior relevo. Famoso pela pela sua ironia e pela crítica social sempre presentes nos seus versos.
É também muito recordado por ter sido uma pessoa simples, humilde e praticamente analfabeto. Contudo deixou como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do Século XX.
Apesar de uma vida recheada de pobreza, tragédias familiares e doenças, havia na sua figura de homem humilde e simples, o perfil de uma personalidade vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e da sociedade do seu tempo.
O poeta António Aleixo, cauteleiro e guardador de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé, é um caso singular, bem digno de atenção de quantos se interessam pela poesia. Ele compunha e improvisava nas situações e oportunidades mais diversas.
Assim, ele sempre usava os vocábulos certos para as diferentes situações que à sua volta surgissem e, para finalizar uma discussão ou refinar uma troça, lá estava ele com as suas quadras pensadas no momento, cuja adequação não poderia ser mais perfeita.
António Aleixo é sem dúvida um dos grandes poetas do Século passado, pela sua capacidade de improviso e pela sua visão do mundo, que conseguiu trabalhar as palavras ultrapassando um grande obstáculo que era a sua formação académica bastante rudimentar.
As suas quadras são muitas e todas elas dignas de serem lidas, mas aqui ficam transcritas apenas algumas, sobretudo as que mais aprecio e as que mais me tocam:
A ninguém faltava o pão,
Se este dever se cumprisse:
- Ganharmos em relação
Com o que se produzisse.


O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre
!

Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar
Chegasses onde pudesses;
Mas nunca devias rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir!


Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.

Há tantos burros mandando
em homens de inteligência...
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência



                                                                                                                      

20 Comentários:

Às 13 de dezembro de 2010 às 21:36 , Blogger leandro guedes disse...

Logo que este blog se iniciou e ao começar a ler o que por este espaço era escrito, fiquei imediatamente atento ao dia em que António Aleixo teria o seu lugar, pois era previsivel que acontecesse.
E esse momento chegou, com uma beleza indiscritivel, como era próprio desse grande Senhor Algarvio.
Parabens Albertina, trouxe-nos versos muito bonitos, pensamentos dum Homem Simples, mas muito atento e preocupado, que era capaz de, em verso, transcrever o que lhe ia na alma.
Parabens mais uma vez e obrigado.
LG.

 
Às 15 de dezembro de 2010 às 17:18 , Blogger Andradarte disse...

Já 'postei' António Aleixo...

Olhão..sua origem e História..?????
Cadê?????

Beijos

 
Às 16 de dezembro de 2010 às 22:09 , Blogger Albertina Granja disse...

Isto de ser iniciante.......,tem destas coisas....., não sei como, mas texto e fotos tudo se perdeu..., só ficou o título (Olhão sua origem e história).....,deve ter sido uma asneiras daquelas...
Mas pronto, agora já está publicado.
Muito obrigada pelos vossos comentários.

 
Às 27 de agosto de 2013 às 12:30 , Anonymous Anónimo disse...

Assim eu pudesse ajudar
Os que nas ruas medigam
Sem me terem que agradar
E sem que de mim nada digam


 
Às 27 de agosto de 2013 às 12:43 , Anonymous Anónimo disse...

Porque a vida é ingrata
E nem para todos igual
Há muitos que ela mata
Porque na terra há muito mal

 
Às 27 de agosto de 2013 às 16:32 , Anonymous Anónimo disse...

Gostaria de um dia poder
Com os pobres acabar
Pois, então teria de ver
Os ricos a trabalhar

 
Às 27 de agosto de 2013 às 16:40 , Anonymous Anónimo disse...

Em sociedade organizada
Manda quem tem poder
Numa classe espezinhada
E outra a florescer

 
Às 27 de agosto de 2013 às 17:33 , Anonymous Anónimo disse...

Talvez um dia se possa dizer
Que existe humanidade
Para isso quem tem o poder
Tem que enfrentar a verdade

 
Às 28 de agosto de 2013 às 10:18 , Anonymous Anónimo disse...

Ao grande poeta Aleixo
Á tua enorme dimensão
É pouco aquilo que deixo
Mas grande a admiração

 
Às 28 de agosto de 2013 às 10:27 , Anonymous Anónimo disse...

Foste grande a escrever
Enorme como o fizeste
Poucos o souberam fazer
E sempre como quiseste

 
Às 28 de agosto de 2013 às 10:55 , Anonymous Anónimo disse...

Em vivo foste esquecido
Deram-te, em morto, algum valor
Por não seres um filho querido
Daqueles a quem dão louvor

 
Às 28 de agosto de 2013 às 11:03 , Anonymous Anónimo disse...

Do valor que a vida tem
Que nem todos sabem ver
Não recorreste a ninguém
Para te dares a conhecer

 
Às 29 de agosto de 2013 às 17:23 , Anonymous Anónimo disse...

P'ra se ter algum valor
Por vezes é dura a verdade
Suportando sempre alguma dor
Ou porque o que se diz não agrade

 
Às 29 de agosto de 2013 às 17:53 , Anonymous Anónimo disse...

Da vida posso dizer
Que foi sorimento constante
Por isso não choro o morrer
Nem temo por esse instante

 
Às 29 de agosto de 2013 às 18:01 , Anonymous Anónimo disse...

A vida passei a sofrer
Sofrendo por muito pensar
Que tanto se podia fazer
P´ra este sofrimento acabar

 
Às 29 de agosto de 2013 às 18:04 , Anonymous Anónimo disse...

Tive muitas horas tristes
Sozinho e acompanhado
Horas que nuncas vistes
Por sempre ter disfarçado

 
Às 29 de agosto de 2013 às 18:31 , Anonymous Anónimo disse...

E dor e o sofrimento
São o nosso dia a dia
Vivido a cada momento
Sem prazer nem alegria



 
Às 30 de agosto de 2013 às 17:02 , Anonymous Anónimo disse...

Quem sabe o que é sofrer
Já não sente tanto a dor
Tanto no inverno a chover
Como no verão com calor

 
Às 30 de agosto de 2013 às 17:17 , Anonymous Anónimo disse...

Dizem que não tem cura
E que não é justa a vida
Poque poucos têm fartura
E para muitos é tão sofrida

 
Às 4 de setembro de 2013 às 12:26 , Anonymous Anónimo disse...

Há uma certeza vida
Que não se pode ignorar
E que não tem qualquer saida
Mas ninguém a quer lembrar


 

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