segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Numa janela para o Douro...!!!



Mais um escritor do qual pouco conhecia...!!!

Contudo, uma visita à sua casa (actualmente habitada por uma sobrinha neta, que igualmente gere toda a propriedade que inclui vários hectares de vinha), despertou a minha atenção, não só pelo desejo de ouvir as suas histórias, como também de percorrer o "seu território" rodeado de belas paisagens (com o Douro aos meus pés) e repleto de cantos e recantos que certamente foram para ele lugares de grande inspiração...!!! 

Tudo o que vi, ouvi e presenciei, não só me proporcionou algumas horas de deslumbramento (visitando a casa, passeando pelos jardins, bosque e vinhas), como também aguçou um interesse desmedido e uma enorme curiosidade em melhor conhecer a vida e obra deste escritor.




















Trata-se de Domingos Monteiro, nascido em 1903, na freguesia de Barqueiros, concelho de Mesão Frio. Frequentou a Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Direito, em 1927, no entanto, desde muito novo, já a sua veia poética se tinha manifestado e o seu primeiro livro de versos "Oração do Crepúsculo", é publicado em 1919, apenas com 16 anos de idade.

Os méritos deste Escritor foram sendo reconhecidos ao longo dos tempos, e, entre outras distinções, é-lhe atribuído, em 1965 o "Prémio Nacional de Novelística", pelo seu livro "O Crime de Simão Bolandas".

Dos seus livros de poemas, a "Evasão", publicado em 1953, é um dos que pretendo adquirir, uma vez que, segundo alguns pormenores dados pela anfitriã (sua sobrinha), acredito que irá agradar-me particularmente. No entanto, referiu ela, que no seu espólio foram encontrados poemas inéditos, alguns dedicados à sua mulher (o seu segundo casamento), uma Senhora muito mais jovem e que, talvez pela grande diferença de idade e pelo sentimento que os unia, o poema que a seguir transcrevo, foi o escolhido para ser lido aos presentes no momento da visita à bela casa de Domingos Monteiro.


"Nunca senti passar o tempo...Nunca!

Nunca o tempo jamais me perturbou...

E as folhas secas com que o Outono junca o chão

sem mágoa ao próprio vento as dou.


Do meu desdém o tempo se vingou

Nunca senti passar o tempo...e agora

E só por ti minh'alma se enamora

Por um momento só. Que eu viva apenas

Humildemente do que já não sou.


Oh minha ardente mocidade volta!

Esse momento...e possa merecê-la.


E até a maior pena...a de perdê-la

Que humildemente aceito, sem revolta,

Todas as dores, meu Deus! todas as penas."


Igualmente interessante é o facto de este Advogado, também Escritor e Poeta, ter dedicado os últimos 22 anos da sua vida profissional ao serviço das Bibliotecas Itinerantes, que a minha geracção tão bem conheceu e quão importantes foram para os jovens daquela época...!!!

Desnecessário será dizer que ADOREI e com muito entusiasmo recomendo...!!!







1 Comentários:

Às 22 de setembro de 2020 às 02:22 , Blogger José Patrício disse...

É autor por quem tenho um carinho especial. Li, quando ainda estava no 2.º ciclo do liceu... O CAMINHO PARA LÁ, o primeiro e o de que mais gostei, e A TRAIÇÃO INVEROSÍMIL - Comédia Dramática em 3 Actos. Tenho cinco livros de Domingos Monteiro à espera. É-me boa companhia...
Obrigado pelo que nos oferece, hoje, vida do autor, a casa, o rio, o tanque, o bosque «E as folhas secas com que o Outono junca o chão» da poesia que partilha...

 

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