quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Vila do Conde (de novo.......)


Na sequência de uma visita efectuada, há já algum tempo, à "formosa" Vila do Conde (visita essa que já foi aqui objecto de pelo menos duas postagens com algumas fotos), venho agora relembrar essa visita, pondo a tónica no facto de, a esta bela cidade, estarem ligados grandes nomes da literatura portuguesa....!!!

Na verdade há nomes que são uma referência para esta cidade, quer por ali terem nascido, quer simplesmente por terem escolhido aquele local para passarem alguns anos da sua vida.....

E desses grandes nomes, faço aqui uma referência ao escritor José Régio, que dominava com mestria vários géneros literários....!!!

José Régio nasceu em Vila do Conde, em 17 de Setembro de 1901 e, muito embora tenha passado uma parte significativa da sua vida noutra zona do país, foi ali que veio a falecer a 22 de Dezembro de 1967.

Como grande coleccionador que era de arte sacra, a casa onde viveu é hoje um museu onde podem ser apreciadas belas peças da sua colecção.....



Da sua vasta obra, este poema dedicado à sua terra natal:


VILA DO CONDE ESPRAIADA


Entre pinhais, rio e mar!
-Lembra-me Vila do Conde,
Já me ponho a suspirar.

Vento Norte, ai vento norte,
Ventinho da beira mar,
Vento de Vila do Conde,
Que é a minha terra Natal!
Nenhum remédio me vale
se me não vens cá buscar,
Vento norte, ai vento norte,
Que em sonhos sinto assoprar...
Bom cheirinho dos pinheiros,
A que não sei outro igual,
Do pinheiral de Mindelo,
Que é um belo pinheiral
Que em Azurara começa
E ao Porto vai acabar...
Se me não vens cá buscar,
Nenhum remédio me vale
Nenhum remédio me vale,
Se te não posso cheirar...

Vila do Conde espraiada
Entre pinhais, rio e mar!
-Lembra-me Vila do Conde,
Mais nada posso lembrar
Bom cheirinho dos pinheiros...
Sei de um que quase te vale:
É o cheiro da maresia,
-Sargaços, névoa e sal-
A que cheira toda a Vila
Nas manhãs de temporal.
Ai mar de Vila do Conde,
Ai mar dos mares, meu  mar!
Se me não vens cá buscar,
Nenhum remédio me vale,
Nenhum remédio me vale,
Nem chega a remediar

Abria de manhãzinha,
As vidraças par em par.
Entrava o mar no meu quarto
Só pelo cheiro do ar.
Ía à praia e via a espuma
Rolando pelo areal,
Espuma verde e amarela
Da noite de temporal!
Empurrada pelo vento,
Que em sonhos ouço ventar,
Ía à praia e via a espuma
Pelo areal a rolar...

Vila do Conde espraiada
entre pinhais, rio e mar.

(José Régio)

C

1 Comentários:

Às 14 de dezembro de 2012 às 16:40 , Blogger Manuel Tomaz disse...

Lindo Poema de José Régio, dedicado à linda Terra onde nasceu e morreu. Também Portalegre, onde viveu grande parte da sua vida, evoca a sua vivência ao longo dos anos!
Os meus cumprimentos,
Manuel Tomaz

 

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