sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

CHALÉ DR. JOÃO LÚCIO - OLHÃO


JOÃO LÚCIO

Poeta, músico e pintor, João Lúcio é uma figura carismática de Olhão, associada ao Chalé de Marim (ou Chalé Dr. João Lúcio).

Nasceu em Olhão em 1880 e faleceu, na terra que o viu nascer,em 1918.

Sempre revelou grande inclinação pelas artes e poesia, tendo publicado os seus primeiros versos, aos 12 anos de idade, no periódico "O Olhanense".

Grande apaixonado pelo Algarve, escreve a sua obra poética mais conhecida, denominada "O meu Algarve", onde, de forma exuberante, fala sobre a luz, as cores, a terra e o mar do seu Algarve.

Outras obras suas igualmente importantes são: "Nas Asas de um Sonho"; "Espalhando Fantasmas", "Impressões de Viagens" e "Vento de Levante".

O seu amor pelo Algarve está bem patente em todas as suas obras e não só....

Uma vez, ao regressar de uma viagem a Itália, quando um amigo lhe pergunta se era verdadeiro o rifão dos Italianos "Ver Nápoles e depois morrer", ele respondeu-lhe: "....qual história!!! Deixem-nos falar..... Eles dizem isso porque nunca vieram ao nosso Algarve...." 

João Lúcio foi um poeta naturalista, romântico e sonhador e por isso resolveu encontrar um local onde conseguisse um maior isolamento espiritual.

Assim, iniciou em 1916, a construção de uma moradia perto de Olhão, o chamado "Chalé de Marim, escondido no pinhal da sua Quinta de Marim, junto ao mar, local rico de lendas sobre mouras encantadas.

Pelo seu exotismo, é ainda hoje considerado como o exemplo máximo da arquitectura simbolista em Portugal.

Trata-se de um edifício com três pisos, de forma quadrangular, sem frente nem traseiras.

Quatro escadarias, orientadas segundo os quatro pontos cardeais, marcam as entradas para o centro da casa, rematado com uma clarabóia;




As escadarias têm as seguintes formas:

a do lado norte, um peixe, que representa a água; a virada ao sul, uma guitarra, que representa o fogo; a do lado nascente, um violino, que representa o ar e, a que está virada a poente, uma serpente, que representa a terra.

Também cada sala interior apresenta determinada simbologia, expressa nos adornos e no seguinte poema:
"Quando em baixo, ruje, o temporal, sem fim, dessa miséria,
 oh Pó, em que tu te esfacelas,
 Eu subo à minha Torre esguia, de marfim,
 onde me coa o sonho, o filtro das estrelas"
Infelizmente, João Lúcio pouco tempo viveu nesta sua casa, pois a gripe pneumónica ceifou-lhe a vida em 1918, apenas com 38 anos de idade.

Há alguns anos o edifício foi recuperado e adaptado a Ecoteca/Museu, sendo actualmente um espaço valorizado com exposições e um local de difusão informativa sobre questões ambientais.

Recomenda-se uma visita....

Etiquetas:

2 Comentários:

Às 11 de dezembro de 2010 às 17:51 , Blogger leandro guedes disse...

Olá Albertina
Há tempos uma pessoa amiga falou-me neste advogado de Olhão.
Curioso, andei a pesquisar a sua vida e vi que realmente é um grande homem do Algarve.
Mas agora com esta sua descrição, muito bem escrita e esclarecedora, fiquei melhor documentado e mais curioso para um dia ir visitar os locais que indica.
Mais uma vez parabens.
leandro guedes.

 
Às 11 de dezembro de 2010 às 20:34 , Blogger Albertina Granja disse...

Pois na verdade o Dr.João Lucio foi um grande advogado (e isso, por lapso) ficou por dizer neste texto.
Ele era filho de um grande agricultor do concelho de Olhão e como tal o seu pai queria que ele tirasse o curso de agronomia, mas como a sua grande vocação era tudo o que se relacionava com a área de letras, então cursou "direito", em Coimbra. Logo após ter terminado o curso abriu escritório em Olhão, na sua terra Natal e em poucos anos, ficou conhecido como um dos melhores advogados do Algarve.
Peço desculpa por este lapso, pois de facto esta é também uma vertente muito importante da vida deste Homem.
Aproveito a oportunidade para agradecer a gentileza das suas palavras.
Muito Obrigada

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial