DIAS CINZENTOS

Os dias cinzentos, com chuva, não é aquilo que mais aprecio....

Necessito de sol, de luminosidade, de céu azul...., contudo, tenho de reconhecer que os dias de outono/inverno, mesmo quando o sol não brilha e que de tão escuros que naturalmente se apresentam, teimam em tornar ainda mais difícil a aceitação da estação do ano em que nos encontramos, até esses têm alguma beleza...

Às vezes é preciso saber tirar partido desses dias em que não pára de chover de manhã à noite, do frio que se faz sentir onde quer que estejamos, dos ventos fortes que açoitam tudo e todos…., enfim, perante cenários tão maus, é necessário reagir….

Quem sabe, se prestarmos um pouco mais de atenção, não conseguimos achar alguma graça à chuva que cai cupiosamente, sobretudo se estamos em casa, com a lareira acesa e admiramos essa paisagem que classificamos de “triste”, através da vidraça, ou até mesmo se somos obrigados a ir para a rua e temos de nos defender das intempéries recorrendo ao uso de galochas, chapéus, gorros, abafos e outros acessórios que nos possam proteger?

Quem sabe se não conseguimos achar lindo quando o céu e o mar têm a mesma côr cinza e ambos se confundem, deixando-nos a dúvida sobre onde começa um e acaba o outro?

Quem sabe se não acharemos interessante passear à noite, por ruas quase desertas, sentindo no rosto o frio gélido das noites de inverno?

Quem sabe se as folhas caídas pelos ventos e pela chuva, a formarem autênticos tapetes ao longo das ruas por onde passamos e passeamos, não estão ali para nos obsequiarem com a beleza ímpar das suas cores?

Pensando bem, afinal tudo tem a sua beleza, uma beleza diferente da que nos proporciona a Primavera ou o Verão, é certo, mas uma beleza que necessariamente terá de ser apreciada e vivida, também de forma diferente…