POETA POPULAR ALGARVIO
ANTÓNIO ALEIXO
Foi um dos poetas populares algarvios de maior relevo. Famoso pela pela sua ironia e pela crítica social sempre presentes nos seus versos.
É também muito recordado por ter sido uma pessoa simples, humilde e praticamente analfabeto. Contudo deixou como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do Século XX.
Apesar de uma vida recheada de pobreza, tragédias familiares e doenças, havia na sua figura de homem humilde e simples, o perfil de uma personalidade vincada e conhecedora das diversas realidades da cultura e da sociedade do seu tempo.
Assim, ele sempre usava os vocábulos certos para as diferentes situações que à sua volta surgissem e, para finalizar uma discussão ou refinar uma troça, lá estava ele com as suas quadras pensadas no momento, cuja adequação não poderia ser mais perfeita.
António Aleixo é sem dúvida um dos grandes poetas do Século passado, pela sua capacidade de improviso e pela sua visão do mundo, que conseguiu trabalhar as palavras ultrapassando um grande obstáculo que era a sua formação académica bastante rudimentar.
As suas quadras são muitas e todas elas dignas de serem lidas, mas aqui ficam transcritas apenas algumas, sobretudo as que mais aprecio e as que mais me tocam:
O homem sonha acordado;
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
Sonhando a vida percorre…
E desse sonho dourado
Só acorda, quando morre!
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
Chegasses onde pudesses;
Mas nunca devias rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir!
Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
Há tantos burros mandando
em homens de inteligência...
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência
Mas nunca devias rir
Nem fingir que não conheces
Quem te ajudou a subir!
Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
Há tantos burros mandando
em homens de inteligência...
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência
20 Comentários:
Logo que este blog se iniciou e ao começar a ler o que por este espaço era escrito, fiquei imediatamente atento ao dia em que António Aleixo teria o seu lugar, pois era previsivel que acontecesse.
E esse momento chegou, com uma beleza indiscritivel, como era próprio desse grande Senhor Algarvio.
Parabens Albertina, trouxe-nos versos muito bonitos, pensamentos dum Homem Simples, mas muito atento e preocupado, que era capaz de, em verso, transcrever o que lhe ia na alma.
Parabens mais uma vez e obrigado.
LG.
Já 'postei' António Aleixo...
Olhão..sua origem e História..?????
Cadê?????
Beijos
Isto de ser iniciante.......,tem destas coisas....., não sei como, mas texto e fotos tudo se perdeu..., só ficou o título (Olhão sua origem e história).....,deve ter sido uma asneiras daquelas...
Mas pronto, agora já está publicado.
Muito obrigada pelos vossos comentários.
Assim eu pudesse ajudar
Os que nas ruas medigam
Sem me terem que agradar
E sem que de mim nada digam
Porque a vida é ingrata
E nem para todos igual
Há muitos que ela mata
Porque na terra há muito mal
Gostaria de um dia poder
Com os pobres acabar
Pois, então teria de ver
Os ricos a trabalhar
Em sociedade organizada
Manda quem tem poder
Numa classe espezinhada
E outra a florescer
Talvez um dia se possa dizer
Que existe humanidade
Para isso quem tem o poder
Tem que enfrentar a verdade
Ao grande poeta Aleixo
Á tua enorme dimensão
É pouco aquilo que deixo
Mas grande a admiração
Foste grande a escrever
Enorme como o fizeste
Poucos o souberam fazer
E sempre como quiseste
Em vivo foste esquecido
Deram-te, em morto, algum valor
Por não seres um filho querido
Daqueles a quem dão louvor
Do valor que a vida tem
Que nem todos sabem ver
Não recorreste a ninguém
Para te dares a conhecer
P'ra se ter algum valor
Por vezes é dura a verdade
Suportando sempre alguma dor
Ou porque o que se diz não agrade
Da vida posso dizer
Que foi sorimento constante
Por isso não choro o morrer
Nem temo por esse instante
A vida passei a sofrer
Sofrendo por muito pensar
Que tanto se podia fazer
P´ra este sofrimento acabar
Tive muitas horas tristes
Sozinho e acompanhado
Horas que nuncas vistes
Por sempre ter disfarçado
E dor e o sofrimento
São o nosso dia a dia
Vivido a cada momento
Sem prazer nem alegria
Quem sabe o que é sofrer
Já não sente tanto a dor
Tanto no inverno a chover
Como no verão com calor
Dizem que não tem cura
E que não é justa a vida
Poque poucos têm fartura
E para muitos é tão sofrida
Há uma certeza vida
Que não se pode ignorar
E que não tem qualquer saida
Mas ninguém a quer lembrar
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